domingo, 24 de abril de 2011

os anos de vidro.

faltava tudo. faltava juízo, bom senso, atitude, frieza e sentimento. era muito fácil se apaixonar pelo que era belo, porque naquela idade pra mim as coisas mais belas não poderiam ser feias por dentro. o que me restou de saldo foi uma grande amiga, e uma grande frieza por dentro. era como se eu tivesse me livrado de um grande labirinto sem fim, e tivesse entendido um pouco melhor como funcionava o meu coração. eu tentei mais do que tudo satisfazê-lo, em 2007. mas você tem que cuidar para que ele não se torne uma criança mimada. assim como as crianças, os corações nunca obtém satisfação.
terminou o ano e passou todo o ano seguinte. aí eu entrei de cabeça em tudo. achei que estivesse pronto, e fiz tudo o que sentia vontade de fazer. como já disse várias vezes, aquele foi o melhor ano da minha vida, por que foi o ano em que mais experimentei sensações novas. com elas, um gostinho de amor. sem conseguir satisfazer novamente meu coração que estava descontrolado com tanta coisa, eu surtei e resolvi deixar meu cérebro tomar conta pelo ano seguinte. mas congelar o coração só aumenta as necessidades dele, o vácuo.
então passou todo o ano em que mais me protegi na vida, ferindo diversas pessoas. aí pensei que finalmente estivesse pronto para deixar que o meu sentimento me dominasse, e errei novamente, mas agora já sei quais foram os meus três erros: foi pensar que controlar o sentimento é tão fácil quanto controlar o impulso. aí me assustei, com medo de cair numa furada como em 2009 e 2007. fugi e me enclausurei em uma cidade que jamais vai me fornecer a minha outra parte, tentando encontrá-lo pela internet. porque agora chegou o momento crítico. eu não consigo mais me satisfazer com garotos perfeitos por uma noite; eu não consigo mais me satisfazer com sexo, seja bom ou ruim. a minha lista de ficantes não me orgulha mais como antes e os meninos que poderiam ser perfeitos pra mim mas estão distantes, apenas me angustiam. uma bomba-relógio grita pra mim que é agora ou nunca. meu destino me aponta um menino que pode ser perfeito, mas há riscos e se eu não medir o coração e a razão eu vou pôr tudo o que tenho a perder. não tem mais tempo de sair procurando outro, eu não quero outro, eu quero ele, e sei que essa é a última cartada possível para me salvar de uma existência vã, fútil e vazia.

sábado, 9 de abril de 2011

saviour.

ultimamente eu tenho ouvido muitas músicas que falam em salvação. acho que preciso ser salvo. voltei a fazer tudo errado, me sinto perdido e sozinho, não sei como vim parar aqui e nem por quê, só quero sair. meus olhos ardem o tempo todo como se eu estivesse cortando cebola, mas eu nunca corto cebola, eu nunca faço nada, eu me sinto estagnado e me apego ao meu trabalho como se fosse um amparo. e chego em casa sentindo uma pontada de desespero, uma ânsia de que algo aconteça e me tire da areia movediça. estou afundando a cada minuto, estou envelhecendo, engordando e perdendo os amigos, me sinto na beira de um surto, como se bastasse uma brisa pra me empurrar pro fundo. é contraditório, pois você acha que não pode chegar ao fundo quando já está lá. você pensa que não pode ficar pior, mas pode, e se você não fizer nada para melhorar, vai piorar. a questão é que eu NUNCA faço nada pra sair do abismo mental em que estou, e as coisas boas acontecem e eu penso que estou no topo, quando na verdade tudo é uma mentira. parece que todos estão me julgando e me agredindo sem parar. na verdade ninguém está me dando patadas. parece que estão, por causa da falta imensa que eu sinto de um pouco de afeto.

domingo, 3 de abril de 2011

o que você quer de mim?

a agonia de dormir sozinho é uma das coisas que mais doem. assim como o álcool que aos poucos abandona a mente, a sensação de que a noite está acabando invade o corpo e causa desespero. o desespero daqueles que pensavam que tudo estava bem, mas enfim descobrem que não são nada além de um pedaço de carne a mais. na realidade todos são, não há do que se queixar, eu só achei que com uma pessoa pudesse ser diferente. todos querem ser salvos mas ninguém salva ninguém, é uma putaria que toma conta do mundo e todos aceitam como se fosse uma verdade universal, e no final todo mundo fica sozinho a procura de alguém pra transar, sem se importar com o que as pessoas querem na realidade. o que querem de mim? meu corpo, minha beleza? isso não é tudo o que eu tenho a oferecer, eu sei que posso ser muito mais, mas o que eu ofereço as pessoas não querem. carinho, compaixão, ninguém precisa disso, todo mundo quer um buraco pra meter o pau. alguns querem um pau, claro, um pau bem grande e grosso, uma luxúria imensurável, sem se lembrar que a noite é longa e sempre tem um final melancólico com direito a cigarros (alguns tem a sorte de comprar um carlton, outros tem que se contentar com paraguaios) e um colchão que no máximo pode oferecer conforto, é. a noite não tem muito a oferecer se você não correr atrás, e daniel não aguenta mais correr atrás, daniel quer que alguém demonstre interesse ou carinho por ele, daniel quer demais. talvez mais do que possa ser oferecido a ele.