terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

amargura.

eu sinto um gosto amargo na garganta. queria um suco de morango, mas não tem morango. nao tem doçura, o mundo às vezes é salgado, azedo e principalmente amargo. é amargo não poder fazer o que se quer. é amargo não poder mostrar aos outros o seu ponto de vista porque eles não tem capacidade de compreender. os homens são amargos, e eu tento ser doce, mas com essa amargura não tem como - o mundo me deixa amargo. as cidades pequenas me deixam agoniado, as medianas me iludem e mostram-se pequenas, e as grandes me deixam estressado. as massas me repugnam - não me acho melhor que os outros. mas sei que fui melhor instruído, tive acesso a informações e cultura, mas esse meu saber é uma maldição. mais de oitenta por cento do mundo não tem cultura e é facilmente manipulável - o primeiro idiota que aparecer torna-se um herói e destrói uma pessoa inteligente por meio de falácias, é assim na TV, é assim nas favelas do rio, nos grandes centros de nova york, nas savanas da áfrica, em todo lugar; e a história vai se repetindo e a ignorância supera. e estou amargo, mas não só por isso - a falta de amor entre nós me deprime. as pessoas perderam a capacidade de amar. odeiam uns aos outros por coisas mínimas, e espalham esse ódio por todo lugar; o beijo e o sexo são banalizados e todos perdemos a magia do momento, a magia do amor. saber disso dói, mas é fato que os ignorantes são felizes, pois o saber é uma maldição. você que está lendo, é a primeira vez que me refiro a você: se entender o gosto amargo que sinto é porque você também sabe, e sinto muito por você. saber que o mundo está perdido dói. o amargor do ódio, da ignorância, da manipulação, da falta de personalidade e do desamor predomina. não é de se admirar que estou vivendo uma loucura com meu fantasma, afinal ele me permite me desligar desse mundo amargo toda noite. morango saiu do BBB 10, e foi um programa fútil, sem cultura útil e feito pras massas ignorantes que me deu vontade de desabafar sobre esse turbilhão de sentimentos que venho sentindo faz tempo. estou amargo, e fico feliz que a maioria da população não está, afinal a ignorância é uma bênção; mas sinto por eles: nunca vão descobrir o prazer de entender um bom livro, de saber o que é certo, lutar pela verdade, beijar alguém que gosta do nada, seguir seu coração.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

toma conta de mim.


você não se lembra de mim, mas eu me lembro de você.
eu fico acordado e tento com dificuldade não pensar em você
mas quem pode decidir o que sonha? e eu sempre sonho.
eu acredito em você
eu abriria mão de tudo só pra te encontrar
eu tenho que ficar com você pra viver, pra respirar
você tomou conta de mim.
eu olho no espelho e vejo você se eu olhar fundo o suficiente,
vejo tantas coisas dentro da minha escuridão,
como você tomando conta.

está de volta? senti você aqui, pela primeira vez. é você mesmo? espero que sim. estava com saudades. você me fez companhia quando eu precisava. sinto que você está por trás dessas minhas realizações. você é um anjo da guarda ou você quer tirar a minha vida pra poder me ter ao seu lado? apenas saiba que eu abriria mão de tudo pra te encontrar. embora eu esteja feliz, conseguindo tudo que eu quero, você é o único paraíso aque eu almejo de verdade. um dia estaremos juntos, e você vai ler o seu nome tatuado em mim. é uma promessa.

o estado não é o bastante.


o ar da estrada é diferente. parece mais puro, mas falta alguma coisa: a fumaça. o verde das árvores, as cores dos pássaros são contagiantes, então por que eu prefiro o cinza do asfalto? eu fiz uma viagem exaustiva de seis horas, cruzei esse estado de norte a sul, e quando passava pelas cidades medianas, tudo o que eu me perguntava era: onde estão os prédios? algo está faltando. tudo o que eu via era a natureza, todo mundo gosta da natureza, é lindo o verde, mas prefiro o cinza. as luzes neon das ruas principais da cidade. os prédios intermináveis que escondem o sol. eu estava com frio no ônibus, mas me senti feliz pelo barulho do ar condicionado, porque não se ouvia nada naquela segunda-feira. eu preciso sentir o cheiro da poluição das grandes cidades, ouvir barulho de carros, ver as multidões de gente desinteressante, eu preciso de mais, eu preciso voar. indo para uma nova cidade, eu percebo que é da minha natureza não parar muito num lugar - a mesmice me cansa. eu quero aventuras, e quero que elas envolvam música num volume superior ao limite do tolerável. eu quero ver fábricas soltando fumaça. eu quero a poluição sonora dos carros de som, avenidas paradas com o engarrafamento, buzinas berrando. eu quero mais, eu não me contento com a paz. cruzei o estado de norte a sul, e percebi que nem se eu fosse morar na capital me contentaria, o estado para mim não é o bastante, e talvez nem o país inteiro seja.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

crueldade.

a minha maldade está na ponta da língua, pronta pra ser usada. o problema é que ela é pesada demais, não posso usá-la, é uma maldade que deixa as pessoas sem resposta, pensando: como alguém pode ser tão cruel? se eu usar minha maldade, eu quebro a pessoa; eu sei exatamente onde atingir qualquer um; o problema é que não posso fazer isso nunca. se eu alimentar essa maldade eu me torno uma pessoa horrível; sabe quando estão tentando colocar você pra baixo, e você quer responder, mas só diz coisas sem nexo, embora você tenha uma resposta na ponta da língua? pois é. eu tenho sempre uma resposta pra cada pessoa na ponta da língua. mas é uma resposta que eu não devo usar. tem coisas que não precisam ser ditas, e por mais que a pessoa mereça, não posso usar minha maldade. eu tenho medo de me tornar uma pessoa amarga demais, de só ver o lado ruim de todo mundo e criar uma ilusão de mundo ruim pra mim. algumas pessoas tem a ilusão do mundo perfeito - a minha é de um mundo preto e branco, do qual só saio no mundo dos sonhos. e vejo o mal em todo mundo, me afasto, não me apego, não dou a mínima se gostaram de mim ou vão sentir falta - como é duro colocar na própria mente que ningué presta e ninguém gosta de você e você só vai se dar mal se se apegar; o que faço? me desapego. me isolo. guardo minhas palavras cruéis e me isolo no meu mundo dos sonhos - e em vez de ser cruel atingindo o ponto fraco dos outros, cometo a pior das crueldades comigo mesmo.