segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
o estado não é o bastante.
o ar da estrada é diferente. parece mais puro, mas falta alguma coisa: a fumaça. o verde das árvores, as cores dos pássaros são contagiantes, então por que eu prefiro o cinza do asfalto? eu fiz uma viagem exaustiva de seis horas, cruzei esse estado de norte a sul, e quando passava pelas cidades medianas, tudo o que eu me perguntava era: onde estão os prédios? algo está faltando. tudo o que eu via era a natureza, todo mundo gosta da natureza, é lindo o verde, mas prefiro o cinza. as luzes neon das ruas principais da cidade. os prédios intermináveis que escondem o sol. eu estava com frio no ônibus, mas me senti feliz pelo barulho do ar condicionado, porque não se ouvia nada naquela segunda-feira. eu preciso sentir o cheiro da poluição das grandes cidades, ouvir barulho de carros, ver as multidões de gente desinteressante, eu preciso de mais, eu preciso voar. indo para uma nova cidade, eu percebo que é da minha natureza não parar muito num lugar - a mesmice me cansa. eu quero aventuras, e quero que elas envolvam música num volume superior ao limite do tolerável. eu quero ver fábricas soltando fumaça. eu quero a poluição sonora dos carros de som, avenidas paradas com o engarrafamento, buzinas berrando. eu quero mais, eu não me contento com a paz. cruzei o estado de norte a sul, e percebi que nem se eu fosse morar na capital me contentaria, o estado para mim não é o bastante, e talvez nem o país inteiro seja.
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