segunda-feira, 29 de março de 2010

carência inconfessável.


o mundo é cheio de lugares. eles podem ser calmos, agitados, limpos, sujos, de tudo que é jeito. é da natureza de cada um sentir-se bem em um lugar. posso dizer que minhas aventuras em santa maria e brincar de ser independente me mostrou o quanto sou dependente. ao chegar tive que correr sozinho atrás de documentos e papéis - o que faz parte da vida de qualquer ser humano, burocracia rules, mas eu me senti terrivelmente mal e fatigado mentalmente ao ter que fazer aquilo sozinho, com prazos. sem tempo de descansar, tomar um café, fazer uma chapinha, etc. dormir sozinho pra mim é uma maravilha quando eu sei que há outras pessoas na casa. eu ando pela rua muito bem sozinho para buscar cigarro e coisas do tipo - tão fácil quando se tem uma casa pra voltar e uma família te esperando. estou sozinho agora ao escrever, e posso dizer que se meus pais e irmã não estivessem dormindo a pouquíssima distância de mim, algum amigo estaria posando aqui. como eu lidaria se os três viajassem e eu ficasse em casa sozinho por uma semana? e se um amigo não estivesse comigo? e eu estivesse trabalhando? quem iria me acordar, quem iria lavar minha roupa? eu conversaria comigo mesmo, talvez andasse nu pela casa, e bolaria um livro novo pra escrever, mas em algum momento iria pirar - talvez chamasse pra dormir comigo a pessoa menos íntima, desde que estivesse comigo. e assim, descubro que preciso de um bom dia, preciso ouvir carolina me mandar a merda, preciso que meu pai me chame por apelidos infantis e minha mãe fique falando sem parar, preciso que iury pose aqui, preciso que os guris me tragam em casa, preciso simplesmente de um semelhante humano ao meu lado. tão auto-suficiente, dan, três em um - a pessoa mais carente de calor humano que poderia existir nesse planeta.

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