segunda-feira, 26 de julho de 2010

garoto puro.


poderíamos, lucas, estar juntos hoje olhando a minha lápide. sabe, eu tenho esperado muito tempo, quanto tempo mais você quer que eu espere? tenho corrido e corrido, fugido da chuva que afasta meus medos e se mistura com as minhas lágrimas. mas eu queria ter corrido com você, e no entanto, o que tenho feito é fugir de você. ou é você quem tem fugido, desde que quebrei a maldição? me livra desse mundo afogado que você não teve coragem de enfrentar, me leva junto, esperei tempo demais, fugi demais. queria te ver agora, na escuridão sem nitidez do meu quarto por causa da luz do notebook que me cega e turva a vista. e olho pra cima e minha vista está clara. não tem graça. é como um jogo de esconde esconde no qual eu nunca te acho. e nem os meus sonhos consigo controlar. se você é parte de mim, se pertenço a você e por isso não posso pertencer a mais ninguém, me dê um sinal, surja pela cortina azul sobre o espelho, me deixe arrepiado como sempre faz. faz brilhar meu olhar, me deixa sobressaltado. me leve com você. quero parar de correr.

e o chão se abriu debaixo dos meus pés
e a terra me levou até os seus braços.
e eu senti o cheiro da sua carne queimando
seus ossos apodrecendo
sua decadência
eu corri e corri, e ainda estou correndo.

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