o café está quente. quente demais. eu pus no microondas por muito tempo e se eu tomá-lo agora vai me machucar. vou esperar esfriar. pronto, agora ele está frio. e o gosto é ruim. não quero mais tomá-lo. outra metáfora com o café: eu provei, está sem açúcar, e o gosto é amargo. eu adoço. pus açúcar demais, ficou enjoativo, não quero mais. pois é. eu sou o café. eu esquento demais, criando expectativas em relação a pessoas e me machuco. aí eu espero esfriar. ou seja, não esquento, mas aí demora tanto pra dar certo que eu mesmo canso. esfriou. quanto ao açúcar? bem, eu pego uma pessoa - essa pessoa é um diamante bruto, e tem vários defeitos - alguns me irritam, o café amargo. aí eu adoço; moldo a pessoa e deixo ela do jeito que eu quero - ela vai ficar fácil demais de lidar; vou enjoar.
tudo na vida tem que ter equilíbrio - o café não pode esquentar demais, nem ser frio, nem doce demais nem amargo. se não há equilíbrio, ou seja, se eu mudo demais pra agradar alguém ou quero que a pessoa faça tudo pra me agradar, a relação é fadada ao fracasso. nunca dará certo, porque não há equilíbrio, e um dos dois vai se machucar - a pessoa que se queimou ou o café frio rejeitado.
às vezes o café fica esquecido no fogão, e ferve. aí não dá mais pra tomar, passou do ponto; a solução é fazer outro. novamente eu sou o café - eu esquentei, sozinho, por tempo demais, até ferver e ficar intragável. agora preciso fazer um outro eu, afinal não tem como beber - passou do ponto.
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